O IRGET tornou-se público em 29 de outubro de 1987, por meio de matéria publicada naquela data pelo "Jornal da Tarde", de São Paulo. Seu fundador e atual diretor, Luiz Pontual, estudou a Tradição e suas vertentes inicialmente orientado por um estudioso, cujo interesse e conhecimentos tradicionais foram despertados pelo introdutor de René Guénon no Brasil, Fernando Guedes Galvão.
Como se sabe, Guedes Galvão foi correspondente de Guénon ao longo de anos e tradutor (com orientação expressa de Guénon ) da "Crise do Mundo Moderno", obra publicada pela Livraria Martins Editora, de São Paulo, em 1948. Este título, sugerido pelo próprio Guénon a Guedes Galvão como o ideal para introduzir sua obra, é de fato o mais acessível e geralmente a primeira leitura dos que se interessam pelo autor.
Como o nome mesmo do Instituto declara de imediato, consideramos a obra de René Guénon a referência fundamental, o eixo orientador para nossos cursos.
Para o IRGET, estão fora de discussão as pretensões inteiramente descabidas de alguns ou muitos de "suceder" ou "herdar" a autoridade espiritual de René Guénon, cuja estatura, no Ocidente moderno, nunca foi igualada e menos ainda superada.
A morte de Guénon colocou à prova muitos daqueles que se beneficiaram de sua obra e influência; poucos, no entanto, tiveram a grandeza de honrá-lo, como o fez - por exemplo - Michel Vâlsan.
Outros, na Europa e EUA, fingiram reconhecimento para buscarem transferir a si a Autoridade Tradicional da qual Guénon foi intermediário, e, com isso exercerem vaidade e poderes.
O IRGET, desde o ponto de vista de estudos teóricos orientados pela obra de Guénon, jamais reconheceu em Schuon (falecido em 1998 ) uma legítima autoridade espiritual, o que não nos impede de considerar o valor de alguns de seus livros, ou trechos destes; cabe ressaltar que teriam sido, aliás, inteiramente inviáveis sem a existência da obra René Guénon.
Sequer merecem comentários, a nosso ver, as propaladas "adaptações" circunstanciais dos ritos islâmicos e os ditos "sincretismos" envolvendo diferentes formas tradicionais, que teriam sido, segundo relatos em livros e na própria Internet, levados a cabo por Schuon.
Nos apontam, no entanto, a adesão e mesmo a liderança de Nasr no grupo fundado por Schuon, com a morte deste, assim como, ao contrário, o alegado afastamento de Rama Coomaraswamy.
Vale o mesmo para Rama Coomaraswamy, pois conhecemos deste autor livros que merecem consideração, assim como outros, cuja perspectiva cristã exclusivista infere reservas desde o ponto de vista tradicional mais abrangente, com o qual nos identificamos. O que nos apontam a respeito deste autor, que teria se afastado do grupo de Schuon, não altera em nada nosso conceito sobre sua obra.
Partidários de Julius Evola, por outro lado, nos censuram por não nivelá-lo ou mesmo situá-lo acima (!) de Guénon. Estes, remetemos ao próprio Evola, que registrou em seus livros, mais de uma vez, o orgulho em ser um Kshatriya (poder temporal) e o reconhecimento em Guénon de um Brahmane (autoridade espiritual). Isto nos dispensa de maiores explicações. Mantemos nossa impressão parcialmente positiva à Evola registrada na página sobre os autores tradicionais.
Acompanhamos de longe, porém documentados, vários episódios ocorridos, notadamente na França, envolvendo a memória de René Guénon ; realizaram-se reuniões, debates e colóquios variados, de coloração marcadamente acadêmica, com discussões intermináveis, disputas entre correntes, trocas de acusações dissimuladas e outras nem tanto, tudo isto com um saldo final, convenhamos, próximo ao medíocre.
Impassível e bem acima destes ruídos, permanece a autoridade impessoal da obra de René Guénon, atualíssima e atemporal, silenciosa e eloqüente, poderosa e inabalável, viva como a própria Tradição, pois trata-se de uma expressão cristalina e fulgurante desta.
Muitos se surpreenderão com a presença neste site de autores não ligados à nenhuma tradição específica ou ao que seria melhor definido por “tradicionalismo”. Ou ainda de textos longe do modelo “acadêmico-tradicionalista”. Mas tais escolhas estão ligadas à intenção de despertar a capacidade de discernir, por entre o caos do mundo moderno, a presença dos valores tradicionais. Apesar das aparências, a Verdade não se corrompe e nem se limita a livros sofisticados enfeitando vaidades eruditas.
As indicações sobre outros sites, de caráter tradicional ou conservador, com os respectivos endereços na Internet e e-mails, são igualmente bem recebidas. Buscaremos retribuir, na medida do possível, a estes gestos solidários.
Luiz Pontual
IRGET