O CHEFE DE cabelos brancos ajeitou nos ombros majestosos o manto cerimonial de penas de quívi e disse:
—Somos os últimos maoris.
A seu lado, o outro chefe, um homem de rosto enrugado, assentiu tristemente:
—De hora em hora os nossos filhos se tornam mais europeus. Daqui a 20, ou talvez 30 anos, não restará na Nova Zelândia um só maori que siga os velhos costumes maoris.
Estávamos na sonolenta povoação de Waitangi para onde os maoris de toda a Nova Zelândia haviam acorrido para comemorar a assinatura do tratado de paz com os ingleses em 1840. Acima de nossas cabeças, aviões militares transpunham a barreira do som, ao mergulharem saudando a ocasião.
—Eram bem melhores os velhos tempos—disse o primeiro chefe.— Tínhamos os nossos barcos, as nossas redes e o nosso peixe. Tratávamos da nossa gente quando ficava doente e dávamos-lhe comida quando tinha fome. Éramos uns gigantes naquele tempo.
Rangi, o jovem e atarracado maori de cabelos pretos que era funcionário do governo e me acompanhava, acendeu o velho cachimbo. Seus modos habitualmente joviais foram substituídos pela seriedade.
—Penso às vezes que eles têm razão—comentou.—Às vezes penso que não ganhamos nada do Ocidente a não ser bons banheiros e úlceras.