Granet foi um notável estudioso da China, sua história e seus costumes. Trata-se de um acadêmico que, no entanto, teve o mérito de evitar os piores defeitos - preconceito e presunção de superioridade ocidental - tão comuns a seus colegas. Digamos que foi um excelente "retratista cultural", se pudermos nos expressar assim. Pesquisou exaustivamente e informou-se junto aos letrados chineses, compondo com este material uma notável seqüência de obras onde se destacam "Le Pensée Chinois", "La Religion des Chinois" e "La Civilisation Chinoise".
René Guénon comentou que há na obra de Granet um conjunto de informações muito interessantes desde que o leitor tenha formação em estudos tradicionais. Parte considerável do que ali é relatado escapa à compreensão de Granet, uma vez que ignorou desde sempre os mais profundos fundamentos da Tradição Chinesa, isto é, os princípios metafísicos, origem comum a todas as formas tradicionais.
Ao leitor comum, tais obras poderão parecer uma colcha interminável de curiosidades e fatos culturais "pitorescos", enfim, coisas um povo antigo e "ainda não evoluído".
No entanto, os que são familiares às tradições, encontrarão um manancial riquíssimo e surpreendente de doutrina tradicional aplicada a vários planos, desde o que Granet chama impropriamente de "religião" (trata-se de Taoísmo, Confuncionismo e Budismo), passando pela arte de governar, ciências, artes, "cultura popular", etiqueta, etc.
Guénon destaca em especial todo um capítulo dedicado às ciências dos números, incluído no livro "La Pensée Chinoise" (Livre II - Les Idées Directrices, Chap III - Les Nombres), que remetemos nesta página ao original em francês.
Tanto Granet quanto o romeno Mircea Eliade não desconheciam a obra de Guénon, reconhecendo ali algo superior aos domínios acadêmicos; no entanto, tinham posição a defender, filosófica, política, cultural e social e não poderiam se permitir sequer uma indiscrição sobre secreta correspondência que ambos mantiveram com René Guénon, hoje fato público.
Entré à l’École Normale Supérieure en 1904, il est agrégé d'histoire en 1907. Il s’intéresse à la féodalité, et, sur le conseil d’Edouard Chavannes, part en Chine durant deux ans pour étudier la féodalité chinoise. De retour en France, il succède à É. Chavannes comme Directeur des Études sur les religions d’Extrême-orient à l’École Pratique des Hautes Études. Disciple de Durkheim, historien, sociologue, sinologue, il enseigne la civilisation chinoise à la Sorbonne, la géographie, l’histoire et les institutions de l’extrême-orient à Langues O’. Il est co-fondateur de l’Institut des Hautes Etudes chinoise.
Il publie, outre de nombreux essais sociologiques sur la Chine, quatre livres qui depuis leur parution dans les années 20 et 30, et leurs fréquentes rééditions, rythment toute lecture francophone sur la civilisation chinoise : Fêtes et chansons anciennes de la Chine, Danses et légendes de la Chine ancienne, La civilisation chinoise, La pensée chinoise.
(Biographie extraite de l’article de Yang Kun)
Nota bibliográfica
Para nossa surpresa, há mais de 20 anos encontramos em um sebo desconhecida tradução para o português de Michel Granet. Tratava-se de "A Civilização Chinesa", publicada em 1979, pelo "Círculo do Livro" em sua coleção "Grandes Civilizações Desaparecidas".