O jornal inglês The Guardian , em 27 de outubro de 2002, publicou um contundente ensaio de Gore Vidal, intitulado The Enemy Within (“O inimigo interno”), no qual acusa categoricamente o governo norte-americano, no mínimo, de cumplicidade no atentado. Respeitado como profundo conhecedor da história e política dos Estados Unidos, Vidal fornece-nos informações coerentes e precisas, apresentando passo a passo os antecedentes deste evento verdadeiramente diabólico, não deixando margem a dúvidas quanto à omissão e conivência do governo de G.W. Bush na farsa do 11 se setembro.
Em seu ensaio, Gore Vidal cita Zbigniew Brzezinski, professor universitário, escritor e consultor de política internacional de vários governos dos EUA desde a década de 60, como um nome-chave para compreendermos melhor a estratégia da política internacional sionista e norte-americana. É dele o estudo do Conselho de Relações Exteriores (1997) intitulado “O grande tabuleiro de xadrez: a primazia americana e suas diretrizes geopolíticas”, do qual o autor reproduz e comenta alguns trechos:
“Desde que os continentes começaram a interagir politicamente, há quinhentos anos atrás, a Eurásia tem figurado como o centro do poder mundial. A Eurásia é todo o território ao leste da Alemanha. Ou seja, a Rússia, o Oriente Médio, a China e partes da Índia. A Rússia e a China, com fronteiras para a Ásia Central rica em petróleo, são os dois principais poderes ameaçando a hegemonia dos Estados Unidos naquela região”.
[...] “Brzezinski toma como ponto pacífico que os Estados Unidos precisam exercer controle sobre as antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central: “-o Turcomenistão, o Uzbequistão, o Tadjisquistão e o Quirguistão, são todos importantes do ponto de vista de segurança e ambições históricas para ao menos três de seus vizinhos mais imediatos e mais poderosos – a Rússia, a Turquia e o Irã, com a China dando sinais de vida. O consumo mundial de energia continua crescendo e, portanto, quem controlar o petróleo e o gás caspiano controlará a economia mundial.”
[...] “Reflexivo, parte para a racionalização americana de costume a favor do império: “Nós nada queremos, jamais, para nós mesmos; desejamos apenas impedir que pessoas más tenham coisas boas com as quais possam prejudicar pessoas boas”. Segue disso que o interesse primário americano é ajudar assegurar que nem um único [outro] poder venha controlar o espaço geopolítico e que a comunidade global tenha um livre acesso financeiro e econômico a esse espaço”.
[...] “Brzezinski está bastante ciente de os líderes americanos serem maravilhosamente ignorantes em relação à história e à geografia, portanto ele se aproveita, apenas evitando invocar o politicamente incorreto “destino manifesto”. Ele lembra ao conselho a imensidão da Eurásia. Setenta e cinco por cento da população mundial é eurasiana. Se eu acertei nas contas, isso significa termos, até hoje, apenas o controle de meros 25 por cento das pessoas do mundo. E mais! “A Eurásia responde por 60 por cento do PIB mundial e por três quartos das fontes de energia mundiais conhecidas.
[...] “O plano piloto de Brzezinski para o “nosso” (EUA) globo obviamente foi aceito pela junta Cheney-Bush (6) . A América corporativa há muito superexcitada com a riqueza mineral eurasiana, já o aprovara desde o início. Brzezinski claramente imaginou que o estabelecimento, a consolidação e a expansão da hegemonia militar americana desde a Eurásia até a Ásia Central iriam requerer uma inédita e desenfreada militarização das políticas externas, acompanhadas de uma igualmente inédita fabricação de apoio e de consenso domésticos para essa militarização”.
O termo fabricação, no caso, é muito próprio: tratava-se, para obter tal apoio, de forjar um acontecimento de grande impacto emocional na opinião pública norte-americana e mundial, algo que representasse uma ameaça externa maciça e aterradora, criando condições políticas e psico-sociais para uma declaração de guerra, “em defesa da segurança nacional ameaçada”.
Tal declaração levou à suspensão adicional de vários direitos e liberdades civis previstas na constituição americana. Dizemos “adicional” pois Clinton, após o atentado de Oklahoma, com a Lei USA Patriot , já havia restringido tais direitos. Agentes do governo estão autorizados a arrombar a casa de qualquer pessoa, revistá-la e impedir que o cidadão, por tempo indeterminado, descubra que foi emitido um mandado de busca. - Não estamos falando da ditadura na Argentina ou no Chile! Os agentes do governo americano podem obrigar os bibliotecários a declarar quais livros foram tomados emprestados por qualquer pessoa. Se o bibliotecário se recusar a fazê-lo, pode ser indiciado criminalmente. Eles podem também acessar extratos de cartão de crédito e outras informações particulares (e-mail e arquivos privados em computador pessoal, por exemplo), sem aprovação judicial prévia e sem o consentimento do cidadão. Embora a situação seja muito parecida, não estamos aqui relatando os métodos da antiga URSS. Isto é os Estados Unidos hoje.
A Lei USA Patriot II , mais recente, vai além: a simples acusação a um cidadão norte-americano de ter colaborado –conscientemente ou não- com alguma organização terrorista é o suficiente para privá-lo da cidadania e ser expatriado (inclusive para “regiões em que não exista qualquer forma de governo”). Agentes do governo passaram a deter e interrogar “suspeitos” secretamente, sem acusação formal ou direito à defesa, por tempo indeterminado; se por acaso alguém tentar processar tais agentes, descobrirá que eles estão imunes à Lei; arquivos pessoais em computadores passaram a ser vasculhados via internet sem o menor constrangimento, com objetivo de “encontrar indícios” de possíveis terroristas. Em nome da Liberdade, candidamente, roubaram a “Liberdade”.